O telefone toca no meio da tarde; sábado, no meio do filme. Sem muita paciência Paulo atende, com o olho ainda no bandido do faroeste.
Uma musiquinha de qualidade discutível anuncia um telemarketing.
- Bom dia, com quem eu falo? - questiona uma voz de falso-aveludado do outro lado da linha.
- Boa tarde, pois já passou do meio dia. E por favor, resuma, pois o o mocinho e o bandido estão se aproximando do embate.
- Hã... (silêncio). É... bem... represento o Jornal Qualquer e gostaríamos de estar verificando se o senhor não gostaria de estar assinando nosso jornal?
Um silêncio de alguns segundos é apenas quebrado por sons de esporas e tiros.
- Não... não tenho interesse. Até ma...
- Mas senhor - segue a voz do outro lado da linha - posso estar lhe oferecendo uma ótima promoção e...
- Não...
- Mas senhor - insiste a voz - posso estar lhe dando um desconto promocional de...
- Não... não tenho interesse neste jornal no momento. Quem sabe daqui a algum tempo. Agradecido!
- Obrigado pelo seu tempo senhor, compreendo. Mas para o Jornal Qualquer retornar o contato, o senhor não poderia estar me passando uma previsão?
Relinchos, gritos indígenas, música de fundo e os suspiros da donzela.
- Olha... acho que amanhã chove!
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