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9 de out. de 2013

Carnívoros


   "Libertem as proles" - gritavam os manifestantes em mais um protesto contra o consumo de carne humana, em frente ao maior matadouro do estado.
   Protestos do gênero já haviam se tornado comuns; ocorrendo desde o início da produção, em um passado nem tão distante. "Libertem as proles - são humanos como nós" - gritavam alguns manifestantes. "As proles também têm sentimentos" - berravam outros.
   Criados desde o nascimento (nos chamados "berçários"), as proles de modo algum eram vistas como "humanos" pelas massas. Não falavam, não se vestiam, nem nada do gênero.
   "É necessário! O mundo não sobreviveria sem as proles atualmente" - afirmavam os produtores. Nada se perdia neste negócio; as peles, cabelos e até o esterco viravam produtos. Era definitivamente um lucrativo sistema. "Nascem para isto" - ressaltavam os consumidores.
   Para o povo em geral esta produção era sequer estranhada. Nasceram e cresceram comendo carne humana; nem contestavam os porquês. Este ingrediente fazia parte da dieta geral, estando presente em diversas receitas e modos de preparos.
   "Não somos animais ou coisa do gênero para consumir mato ou carne de bicho" - diziam exaltados os carnívoros frente aos argumentos dos ativistas.
   As autoridades apenas controlavam os escassos manifestantes no local. Aos poucos o protesto se dissipava. Em breve ocorreria novamente - sem causar impactos na produção.


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26 de jun. de 2013

12 bilhões de índios

   Não é novidade a luta entre produtores rurais e ativistas ambientais (e/ou de direitos indígenas).

   Frequentemente ouvem-se as afirmações negativas de produtores rurais, e pessoas ligadas a área, sobre as áreas de preservação ambiental e do patrimônio indígena. Uma das principais alegações são a redução das áreas agriculturáveis. Sem entrar em detalhes técnicos, a problemática do cultivo é por vezes mais ligada a produtividade (Mg/ha) do que a área produzida. Ou seja, há tecnologia à disposição e não sendo utilizada. Isso sem citar que as maiores áreas produzidas muitas vezes são ligadas à monocultura de grãos de alto valor - como soja e milho. Produtos de mercado - commodities. Independentemente, a missão continua: alimentar o mundo.

22 de mai. de 2013

Notas de um vagão


   Estou com 25 anos; quase 26. Relativamente ainda longe dos 30, mas já sofrendo uma certa depressão adiantada.
   Estudei, me formei, arrumei alguns empreguinhos. Mas por aí ficou; nenhuma grande mudança ou notável conquista. Nada que poderia me gabar no futuro; nem os famosos 15 minutos de fama.
   Com menos idade que isto, muitos ganharam medalhas olímpicas, outros apareceram na mídia fazendo sucesso com bandas ou similaridades artísticas. Outros já haviam lançado livros que se tornaram clássicos. 
   Não tenho filhos, nem sei se os quero.

   Sobrevivo com uma espécie de emprego; uma bolsa de estudos que apenas me garante o pão de cada dia e um teto - não que precise de mais, é claro, mas certamente menos do que queria.
   Não fiz grandes viagens ou aventuras, estou longe do emprego dos sonhos - se é que o tenho em mente.
   Vivo a vida apenas sobrevivendo dia após dia.

   Li a algum tempo o livro do Kerouac, onde o jovem americano percorreu as estradas vivendo algumas loucuras juvenis. Eram outros tempos, hoje seria um "perigo". Tolkien lutou na Grande Guerra; saiu vivo e criou um mundo inteiro. Rowling diz que criou sua história em uma viagem de trem - estou em um agora, saindo de uma cidade da metrópole e indo de volta à capital.
   Minha maior mudança de vida foi uma mudança de cidade; penso diariamente se fiz a coisa certa sem chegar a uma conclusão. 
   E acho que pensaria diariamente se não o tivesse feito.

   No vagão que estou há apenas outras 9 pessoas; todos homens. Um policial escreve em uma apostila, outro rapaz mexe em um celular. Minha estação ainda está longe. 
   ...assim como a solução dos meus problemas.


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4 de mai. de 2013

A poesia está na moda...


   Após o livro de Paulo Leminski chegar no topo da lista dos mais vendidos, parece que a poesia e os poemas chegaram juntos no gosto popular - ou, ao menos, na moda (a transposição representativa visual generalizada de uma população... ou seja, se não gostam, pelo menos representam... fingem).

23 de mar. de 2013

Confraria do Ranço: a faixa de segurança


Pouco antes da faixa,um motorista buzina enfurecido. Culpa do motorista em sua frente, que parou para os pedestres passarem. O carro da frente anda e o de trás avança 10 metros, parando em cima da faixa (trânsito congestionado/parado). Os pedestres que estavam passando (já que o trânsito estava parado) reclamam para o que parou em cima da faixa... e há um bate boca no local!
Mas a culpa é do pedestre, que passa na faixa com o sinal verde. Não importa se o trânsito está parado; pedestre tem que ficar esperando até fechar o sinal.
Afinal, a rua é dos carros... e dane-se se elas passam por entre as calçadas. E se depois o carro ficar sobre a faixa, com sinal fechado... paciência! Culpa do trânsito ruim das grandes cidades.
Coitado do motorista.
Coitado do motorista.
Coitado do motorista... parado em pleno trânsito, sentado no seu carro. Que se dane o pedestre que está livre ao vento... debaixo do sol. Tendo de andar pra casa.

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16 de jan. de 2013

Fogos no céu

Ao longe os fogos explodem no céu.
Virada de ano; mais um ano, outro qualquer. Parentes e amigos se revezam em uma falsa alegria imposta pela data. Promessas, planos e projetos - iguais a todos anos anteriores.
Em uma outra janela qualquer, ao longe, um outro qualquer assiste televisão - um programa ou filme aleatório. Seja lá quem for este "qualquer um"... não parece preocupado com qualquer tradição ou falsas alegrias. Um dia qualquer hoje, outro amanhã. Só o que muda é o calendário. Números.
Ao longe estouram os fogos, de todas as cores, formas e sons.
... que o próximo ano seja melhor.

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texto escrito em um celular, na virada de 2012 para 2013.
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10 de out. de 2012

A felicidade, a certeza e o silêncio

   Há três coisas que foram inventadas pelos seres humanos: a felicidade, a certeza e o silêncio. A "felicidade" em totalidade é por si só a falta de memória ou desatenção com tudo que ocorre de horrendo no  entorno. A "certeza" é o excesso de confiança no exato, no correto; sempre há duas verdades, dois lados. E o "silêncio", nada mais é do que apenas a falta de sons; como o branco é a presença de todas cores e o preto a ausência das mesmas; só ouve o silêncio quem não quer escutar. De qualquer forma... são só palavras...

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3 de out. de 2012

Memórias desbotadas

   Lamentável pensar que as lembranças estão se limitando apenas a memórias. Algo que ocorre de tempos em tempos, mas apavorante pensar que está ocorrendo tão cedo.
   Poucos os antigos prédios que permanecem em pé. Os carros já não são os mesmos; algumas pessoas também já se foram. Construções caem para dar lugar a novas construções. Apenas as ruas seguem as mesmas.
   Nas fotografias seguem vivos os prédios, em preto e branco - de locais que já foram coloridos. Memórias, já desbotadas. As lembranças um dia se vão; as fotos amarelam; os filmes envelhecem; os papéis se perdem. A história se apaga.
   As poucas estruturas que seguem em pé, são toda a viva lembrança de uma geração. O que resiste, é a memória de uma cidade. Uma lembrança a cada dia mais esquecida.

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25 de jul. de 2012

Os reclamadores

E em um bom projeto é necessário dois lados: os que pensam e os que avaliam.
Sem avaliadores, idéias absurdas surgiriam nas mentes dos pensadores. O avaliador é um filtro. Penso que na vida também deve ser assim. Os que pensam e os que avaliam. Ou: 'Os que fazem e os que reclamam'.

Certamente à primeira vista não faz sentido. Mas avaliemos: se todos dissessem a máxima "Se não podes fazer melhor, não critique", o mundo estaria uma grande bagunça (para não dizer outras coisas). É de suma importância os avaliadores (ou: reclamadores). Se não posso fazer melhor, critico... e aguardo que alguém o faça. Obviamente, o mundo não funcionaria apenas com reclamadores.

Não tenho poderes políticos ou sequer financeiros para grandes mudanças urbanas. Devo eu ficar quieto e apenas assistir a tudo? Não... reclamo na cara de quem o fez. Devo me candidatar à política? Não... me sobra honestidade.

Se grandes filósofos tivessem se calado frente aos problemas da sociedade de suas épocas talvez não vivêssemos neste mundo que estamos. Talvez a sociedade estivesse até melhor, claro... mas não vamos complicar a linha de pensamento.

ok. ok. ok.
Parei, parei. Assumo: puro ressentimento, porque não aprendi a jogar futebol! vivo reclamando.

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30 de mai. de 2012

Sábios símios

Os seres humanos não nasceram... evoluíram. Até certo ponto, ao que parece.

Enquanto uma multidão luta e morre pelo desenvolvimento, uma multidão ainda maior não luta, não morre e assiste à tudo de longe. Enquanto cientistas desenvolvem tecnologias capazes de tudo; uma multidão ainda maior finge que nada os preocupa e colam seus olhos em uma tela luminosa; escutam apenas os microfones; leem apenas o que lhes interessa. E fecha os olhos, ouvidos e boca ao resto.

Macacos sábios! Ouvem apenas quando querem, falam apenas quando desejam, veem apenas o que convêm. Mas discutem sobre tudo. Preceitos falhos, certezas errôneas, crenças na contramão. Uma geração que fala em "amor ao próximo", mas finge não ver o que dorme ao chão. Amor aos animais, ódio aos humanos.

Vivas à um garoto com um cabelo chamativo e boa coordenação nas pernas; vivas à uma garota criada pela mídia, com falsa habilidade vocal. Vivas aos vídeos, viva à televisão, viva a "igonorância'". Sob cordas, dança uma população inteira. A cada dois anos, determinando o futuro de um país; baseado em promessas e egoísmo. Sob cordas, fronte a cruz. A opinião baseada no discurso de um papagaio.

A ignorância passada de geração em geração, como uma herança. Racismo, ódio... amor - amor pelo errado, amor pelo desnecessário. Enquanto a população de países desenvolvidos quase reduz, países de terceiro mundo ajudam à cada dia a superpopulação.

Livros, jornais, palavras; cada vez menos lidas... porém cada vez mais discutidas - pelos que não leram. Nem uma novidade nesta indignação que sinto. Salve Nietzsche, aleluia; se Deus morreu antes do século XIX, a esperança no futuro morreu muito antes. 

Dancemos sob as cordas.

Mas não me ouçam... não me leiam. 
Sou apenas mais um ignorante, dando sua opinião sobre o que mal entende!
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2 de mai. de 2012

Vou tentar ser engraçado

Dizem que as pessoas que são (ou tentam ser) engraçadas, visam compensar algum problema: "sobre-peso", "falta de beleza exterior", timidez, etc. 

   Na minha infância, entrando no colégio, tentei ser engraçado, fazendo piadinhas... visando conquistar novos amigos; não deu lá muito certo.
   Na minha pré-adolescência, escola nova, tentei ser engraçado, bancando o espertinho... visando compensar as espinhas e falta de beleza; não funcionou muito.
   Na minha adolescência, saindo em festas, tentei ser engraçado, dizendo frases prontas e cantadas manjadas... visando ganhar garotas; não fui nenhum conquistador.

Os anos passaram....

Tentei ser engraçado fazendo piadas em festas, tentei ser engraçado nas redes sociais, tentei ser engraçado de forma culta. E... agora estou aqui, tentando ser engraçadinho, escrevendo textos em meu blog.

...calma, logo desisto.

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18 de abr. de 2012

Café

Nada como tomar um café espresso no café da manhã, acompanhado de um pão de queijo recém saído do forno.
...ou um café depois do almoço, para ajudar na digestão,
...ou um café no meio do expediente, para acordar,
...ou um café durante a um projeto no trabalho, para ativar as idéias,
...ou um café no final da tarde, para estimular o corpo cansado,
...ou um café de noite, para aguentar os estudos,
...ou um café antes da festa, para ficar bem animado,
...ou...
tomar todos estes do mesmo dia...

Mas o problema disto, é ficasra é, digo, que... quando tomo mto café.. eu escrnea fico mei elétrico... e agitadooo e ... eu , é xxxxxxxxxxxx.

Arrrrgh.

Peraê. Vou ali tomar um chá pra me acalmar.
Talvez um chá-preto.

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4 de abr. de 2012

Antes dos 30...

   Estou na metade dos 20... mais exatamente naquele limiar entre '20 e poucos' e 'quase 30' anos.
   Vejo tantos fazendo suas promessas de 'coisas à fazer antes dos 30'. Penso que talvez seja hora de fazer uma também - com coisas que não alcancei ainda, claro... não vou mentir pra mim mesmo! Talvez seja estimulante... talvez eu não conclua nenhuma. Talvez fique ótima em 10 itens (não necessariamente em ordem):

01 - Ser totalmente independente;
02 - Estar financeiramente estabilizado;
03 - Ser um 'doutor' (doutorado!);
04 - Aprender fluentemente mais uma língua;
05 - Fazer uma viagem de mochileiro pela Europa;
06 - Comprar uma moto (talvez uma chopper) e fazer uma longa viagem;
07 - Fazer mais tatuagens - e cobrir o torso inteiro;
08 - Ter lido mais de 200 livros;
09 - Escrever um livro mais livros;
10 - Fazer uma lista de 'coisas para fazer antes dos 50 anos'.

   ...ou "Percorrer um dos caminhos de Santiago de Compostela (à pé!), pintar um quadro, aprender a tocar piano, comprar um carro elétrico, ser dono de uma empresa, fazer carteira D de motorista, comprar um casa/apartamento, iniciar uma 'coleção', investir na bolsa, comprar um cachorro, ...".
   Tantas coisas caberiam nesta lista... mas como os 40 são os novos 30 - e minha geração tem uma grande expectativa de vida -, fica mais pra frente.
   Mas na real... sei que não vou completar quase nenhum destes itens até meus 30 anos - alguns, nem depois deles. Talvez porquê esta lista está sendo feita por um cara com outras idéias, um cara ainda de '20-e-poucos-quase-tantos anos'... mas também, talvez, porquê o importante é apenas sonhar e ter metas, nem sempre necessariamente cumpridas.
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21 de mar. de 2012

Pelos corredores

Gosto de andar pelo meio de universidades.
Agora que já me formei, sinto falta da faculdade. Antigamente tinha pavor destes lugares. É só o tempo passar pra chegar a nostalgia. Andar por estes ambientes é relaxante para mim. Aquele clima feliz, sensação de segurança, alegria, jovialidade, etc. Ah, bons tempos. Saudades desse período da minha vida:

café por todo lado,
espirito jovial,
gramados,
café,
jovens,
mulheres bonitas,
pessoas bem vestidas,
... café,
maquinas de refrigerantes,
maquinas de café,
corredores...
...
..
.
..
...
provas,
correria,
trabalhos atrasados,
turistas de universidade,
patricinhas de Beverly Hills,
preços absurdos por uma comida sem graça,
carros de estudante que afirmam não ter dinheiro pra xerox.
e...

droga...
deixa eu pegar um café e sair logo daqui.
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14 de mar. de 2012

O tracinho piscante

   Chega um dia na vida de um escritor - ou mesmo de um aspirante à escritor - que em sua frente paira apenas um tracinho piscante.
   Isto claro nestas épocas modernas, onde escrevemos em papéis virtuais; mas devia ocorrer também com as (hoje em dia) velhas máquinas de escrever: de repente o som silenciava. O papel sob a caneta/lápis/pena aguardava, branco, vazio.
   Pisca, pisca, pisca. Digita-se, apagava-se. Pisca, pisca, pisca.
   A cabeça tenta, as mãos de aquecem, e o tracinho continua piscando. As idéias surgem, se montam como em um quebra cabeças de mais de mil peças... e somem em um segundo. Mas o tracinho segue piscando.

   O texto por fim é escrito, lido e relido. Uma sensação de déjà vu surge. De onde provém, não sei... mas tenho certeza que este texto já foi escrito... em outro lugar... por outro escritor.
   Tanto já foi escrito, produzido, gravado; a cada dia mais difícil escrever algo totalmente original. Aposto que Shakespeare não passou por este problema... se bem que Shakespeare também não devia ter nenhum tracinho piscante em sua frente.
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29 de fev. de 2012

Analfabetismo manual

Ah, maldição. Desaprendi a escrever. Virei um escravo das teclas.
Com caneta e papel, apenas 'desenho letras'. Algo próximo de hieróglifos ou pinturas rupestres.

Tá certo que não é de hoje que minha letra não é a mais bela... mas já foi no mínimo compreensível. Por vezes nem eu mesmo à compreendo. Já fiz caligrafia, já escrevi com letra de forma - mas a forma foi entortando, e ficando cada vez mais deformada.

Me sinto um Analfabeto Manual - uma sensação de que se continuar neste ritmo, ou datilografarei digitarei meu nome, ou usarei minha impressão digital. Se bem que a assinatura é algo tipo um risco qualquer... apenas tenho que desenhá-lo sempre igual!

4 de jan. de 2012

1 ser Anormal

O que é ser normal nos dias atuais?

Como diria Woody Allen: "A loucura é relativa. Quem pode definir o que é verdadeiramente são ou insano?"

Raciocinemos... quem definiu o que é NORMAL? Pressupõem-se que a sociedade possuí padrões de comportamento, e o que foge deste padrão, não é 'normal'. Nesta linha de pensamento, se questionássemos a "100%" de um grupo, e "90%" das respostas fossem similares, os outros "10%" seriam "anormais".

Se a moda comanda o uso de calças coloridas, e eu usar um 'blue jeans' tradicional, não estarei sendo "normal" naquele meio... me olharão estranho, rirão de mim. Serei "anormal" neste meio.

Porém... será que o normal, é o ideal?! Quem garante que esse suposto 90% está correto?
Não garanto nenhum dado, é apenas minha opinião. Mas a sociedade, em geral, não me aparenta ser lá muito inteligente. Acredito que é apenas uma pequena % desta que podemos chamar de 'inteligente'. Talvez "10%"?! 

Ser inteligente (acima do padrão) é ANORMAL. Concluir um doutorado no Brasil, é ANORMAL. Escrever um livro é ANORMAL. Fora do normal, fora do comum.

Será que quero ser 'normal'?

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14 de abr. de 2011

Vivendo numa caixa de fósforos

Nasci numa cidade de interior,
Com uns 50 à 70 mil habitantes.
Vivi por uns 20 anos na mesma casa; uma casa de 3 quartos, com um pátio gigante, cheio de árvores de vários tipos. Tudo a poucos passos: mercado, estudos, amigos... toda uma vida, em resumo.
Grupos de amigos... pessoas que conheço uns 10 anos, sempre no entorno.
Sempre rodeado de amigos, de pessoas, de conhecidos.

Me mudei pra uma capital... com várias centenas de milhares de seres humanos.
Horas por dia andando: ônibus-articulados, trens, pernas.
Em praticamente 1 ano já estou fazendo minha 3ª mudança.
De uma casa de 3 quartos, com amigos nunca ao longe,
para uma Caixa de Fósforos sem um ser conhecido a vários km's.

Estou indo viver em algum Apart com uns 10m²...
Bancando cada cm²...
cada 'ml' de ar.

Quanto menos espaço ao meu redor, crio mais espaço dentro de mim.
Quanto menos tempo para o resto, mais tempo para sí.
Quanto menos tempo para fazer, mais tempo pra pensar.
Quanto mais pessoas ao meu entorno, mais só vou me sentindo.

Um universo de pessoas passa por mim a cada dia.
E nunca me senti tão em uma ilha deserta.

Em uma Caixa de Fósforos irei viver um pedaço de minha vida,
...