Odranoel buscou em sua memória algum assunto que havia deixado cozinhando em sua cabeça. Decidiu pelo item 345P2S - código este, qual ele garantia que fazia parte de um estabelecido ordenamento de suas idéias mentais. Porém, o item 345P2S consistia da 'lua cheia'. Visto que ainda era dia, dificultaria uma escrita com mais emoção, pois não conseguiria olhar para sua branca e redonda musa inspiradora; outro fato que se somava, era que nesta data a lua era minguante, e Odranoel não suportaria iniciar um texto que teria de aguardar até a lua certa para concluir. Assim, Odranoel decidiu, após cerca de 13 segundos, partir para outro assunto.
Odranoel, olhando para uma parede em branco, notou que estava com uma total e imutável falta de inspiração; assim, decidiu por andar pelas ruas para tentar captar alguma inspiração que estivesse passando por lá. Resolveu escrever uma crônica sobre um homem andando pelas ruas, sem rotas ou caminhos - ao léu; porém Odranoel achava que tal texto somente seria bem descrito, se fosse vivido. Tentou escrevê-lo andando, porém não conseguia equilibrar sua Olivetti Letera 82, de cor verde, com apenas uma mão - e Odranoel sempre escreveu com as duas mãos, de forma bastante formal e seguindo a risca todas as regras da datilografia. Outro inconveniente para este projeto, era que Odranoel nunca conseguia sair andando pelas ruas sem rotas ou caminhos; antes mesmo de descer as escadas, Odranoel programava cada passo seu: desde o percurso pelas ruas, até o ponto onde as atravessaria, quando necessário.
Odranoel notou que seu projeto de "escrever andando" não seria uma boa alternativa; assim, resolveu escrever em um parque próximo, sentado em um banco, onde haveria inspiração por todos lados. Odranoel seguiu seu caminho até este parque, onde escolheu um determinado banco, onde possuiria uma visão de cerca de 90° de seu entorno. O único inconveniente para a escrita de sua história, era que neste momento estava chovendo no local, o que não era muito convidativo para as pessoas passearem por lá - na realidade só Odranoel permanecia nesta área. Outro inconveniente, era que a chuva molhava as folhas em sua máquina.
Odranoel, após voltar para casa - molhado -, resolveu por fim escrever buscando a inspiração pelo que via da janela de seu quarto. Seguiu a atividade de um casal - que brigava nas ruas, entre xingamentos e apontamentos de dedos. Porém, Odranoel não conseguia decidir sobre os nomes destes personagens e, assim, resolveu descer para a rua, questionar os nomes do casal; quando se aproximou e pediu-lhes os nomes, o casal iniciou uma discussão com Odranoel - que acabou não conseguindo descobrir o nome dos dois. Voltando à seu quarto, Odranoel desistiu da ideia desta história, visto que não suportaria descrevê-los com outros nomes, pois não sentiria a realidade no texto.
Odranoel, por fim, sem mais idéias, resolveu escrever uma dissertação sobre a sua falta de inspiração; qual em seu fechamento possuiu mais de 752 páginas. Porém foi negada pela editora, com a - na visão de Odranoel - desculpa de que parecia não ter havido boa inspiração em sua escrita.
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Crônicas de Um / 1 Qualquer: crônicas,contos,textos
Odranoel, olhando para uma parede em branco, notou que estava com uma total e imutável falta de inspiração; assim, decidiu por andar pelas ruas para tentar captar alguma inspiração que estivesse passando por lá. Resolveu escrever uma crônica sobre um homem andando pelas ruas, sem rotas ou caminhos - ao léu; porém Odranoel achava que tal texto somente seria bem descrito, se fosse vivido. Tentou escrevê-lo andando, porém não conseguia equilibrar sua Olivetti Letera 82, de cor verde, com apenas uma mão - e Odranoel sempre escreveu com as duas mãos, de forma bastante formal e seguindo a risca todas as regras da datilografia. Outro inconveniente para este projeto, era que Odranoel nunca conseguia sair andando pelas ruas sem rotas ou caminhos; antes mesmo de descer as escadas, Odranoel programava cada passo seu: desde o percurso pelas ruas, até o ponto onde as atravessaria, quando necessário.
Odranoel notou que seu projeto de "escrever andando" não seria uma boa alternativa; assim, resolveu escrever em um parque próximo, sentado em um banco, onde haveria inspiração por todos lados. Odranoel seguiu seu caminho até este parque, onde escolheu um determinado banco, onde possuiria uma visão de cerca de 90° de seu entorno. O único inconveniente para a escrita de sua história, era que neste momento estava chovendo no local, o que não era muito convidativo para as pessoas passearem por lá - na realidade só Odranoel permanecia nesta área. Outro inconveniente, era que a chuva molhava as folhas em sua máquina.
Odranoel, após voltar para casa - molhado -, resolveu por fim escrever buscando a inspiração pelo que via da janela de seu quarto. Seguiu a atividade de um casal - que brigava nas ruas, entre xingamentos e apontamentos de dedos. Porém, Odranoel não conseguia decidir sobre os nomes destes personagens e, assim, resolveu descer para a rua, questionar os nomes do casal; quando se aproximou e pediu-lhes os nomes, o casal iniciou uma discussão com Odranoel - que acabou não conseguindo descobrir o nome dos dois. Voltando à seu quarto, Odranoel desistiu da ideia desta história, visto que não suportaria descrevê-los com outros nomes, pois não sentiria a realidade no texto.
Odranoel, por fim, sem mais idéias, resolveu escrever uma dissertação sobre a sua falta de inspiração; qual em seu fechamento possuiu mais de 752 páginas. Porém foi negada pela editora, com a - na visão de Odranoel - desculpa de que parecia não ter havido boa inspiração em sua escrita.
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