20 de abr. de 2013

Sonhos neuróticos

   A alguns dias tive um estranho sonho, que ainda estou tentando interpretar...

   Sonhei que, sabe-se lá como, eu tinha virado um reconhecido ator de cinema. Durante uma entrevista com uma repórter ela me questionava: "Com que diretor você gostaria de atuar"; "Ah, certamente com Woody Allen", respondi. Nisto, o Allan Stewart Königsberg (também conhecido como, justamente, Woody Allen) estava exatamente atrás de mim e ouviu o que eu respondi para a repórter, cutucou meu ombro e falou: "Hei, eu estava justamente lhe procurando... você é perfeito para o papel principal do meu próximo filme". 
   O estranho é que o filme fugia levemente dos outros clássicos do diretor (onde os atores sempre o interpretam); para ser mais exato a ideia do Woody era que ele me interpretasse - eu na realidade nem apareceria no filme, ele faria o meu papel. É lógico que eu topei a ideia na hora.
   Assim, Woody Allen passou vários dias me seguindo e fazendo tudo o que eu fazia - o famoso "laboratório". Usava as minhas roupas, mudou o cabelo, deixou a barba crescer, quase teve uma overdose de café e copiava minhas manias e modos.
   Com o tempo Woody ficou mais íntimo e começou a questionar e criticar meu estilo de vida. Dizia que eu não tomava vitaminas o suficiente e gastava muito dinheiro em café; também estranhava que eu não era muito neurótico. "É necessário ser pelo menos um pouco neurótico nos dias de hoje", dizia. Acabei tirando a barba, cortando os cabelos, comprando novas roupas e sapatos adequados, além de trocar meu cereal matinal. Também tive que agendar consultas pelos próximos 6 anos e meio com um analista. Em poucos dias eu já reclamava de tudo, tomava remédios para controlar a ansiedade e a pressão; já havia até me convertido para o judaísmo. Praticamente uma versão traduzida do próprio diretor.
   Com a finalização do "laboratório" de Woody Allen comigo, eu estava exatamente como ele. Acabou que o filme foi sobre um personagem neurótico em alguma cidade do mundo.

   ... mas acordei antes do lançamento do filme. Ele havia garantido que haveriam bons petiscos na estréia. Uma pena, uma pena.
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