31 de jul. de 2013

Notas de um ônibus


   Lá fora tudo passa; rápido pela janela. Passam as ruas, carros, luzes, pessoas. Noite inicia. Paradas cheias de pessoas vazias. O corre corre de todos os dias, intensificado pelo último útil da semana.
   Cruzamentos congestionados de carros com motoristas solitários. Carros que levam  e trazem pessoas do trabalho; que trabalham para poderem pagar seus carros, para poderem ir de carro para o trabalho.

   No colo segue um livro aberto. Esperando ser lido. Mas pela janela há tantas histórias não lidas; e que nem esperam ser.

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24 de jul. de 2013

Amarga dor



Esse aperto no peito
sem ação ou efeito
que de onde parte
não sei.

É um algo de amargo
sem gosto, sem lado
que me dói
sem doer.



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17 de jul. de 2013

Notas de uma ru(ss)a


   Acabo de conversar brevemente com uma russa em plena Rua da Praia; não lembro de qual cidade ela citou que veio, mas lembro que falou que era um local muito frio. Provavelmente deve estar se sentindo em casa agora, visto que chegou o outono oficialmente. As ruas recendem a uma mistura de cheiros de casacos novos e guardados por longo tempo.
   A tal russa tinha um jeito de budista; na real acho que era hare-krishna. Distribuía livros de auto-ajuda e espirituais. A oferta era livre, quaisquer moedinhas. Acabei não levando nada. Fiquei me sentindo mal por isto.
   Entrei em uma cafeteria e pedi um café para levar. O dia acordou cinza e ainda não ganhou cores. Mas todos parecem mais vivos; talvez pelo contraste de tons. Andei com o café na mão; continuei me sentindo mal. Vou voltar e comprar qualquer livro. A história por trás do livro é ainda mais interessante.


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10 de jul. de 2013

Rodina



Noite cai
Dia finda
Povo corre
rumo casa.
Noutro dia
adivinha...
Corre povo
Tud'enovo.


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3 de jul. de 2013

Antes de pegar aquele trem


   Antes de pegar aquele trem, conversava com uma mulher; nascida no mesmo ano que ele, apesar de a mesma parecer mais velha - se bem que ela pensou o mesmo sobre ele. Ela havia se separado a pouco tempo, dizia que estava querendo se aquietar um pouco. Se ele estivesse solteiro, não pensaria o mesmo.
   Antes de pegar aquele trem, havia pegado um ônibus até a estação; sentada alguns bancos à frente estava uma garota, parecida com uma atriz americana. Ela estava lendo Goeth. Ele não falou com ela, apenas trocou exatos três olhares - e depois ela saiu. Não perguntou seu nome. Talvez nunca a veja mais. Talvez não faça diferença.
   Antes de pegar aquele trem... haviam mais dúvidas que certezas. Nada mudou.

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