7 de ago. de 2013

Textos programados

   Escritor, morreu em um incidente em uma rua pouco movimentada, em noite qualquer. Morreu o autor, mas não sua obra; esta viveria pela eternidade, nem que esquecida em uma prateleira qualquer.
   O que muitos não sabiam é que ele mantinha um blog com seus mais íntimos pensamentos. Quando foi descoberto, toda sua vida estava lá. Todas suas memórias, sonhos e pensamentos. O local tornou-se um memorial para seus poucos fãs. Seus escritos eram lidos e relidos.
   Um dia um novo texto foi publicado; pensamentos empoeirados pelo virtual tempo. E a cada mês, um novo escrito ganhava vida - mesmo com a morte de seu autor. O tempo foi contado por alguns, acompanhado, aguardado. Seus escritos mais profundos vinham ao mundo após nenhum outro mais poder ser criado. Ninguém sabia até quando isto poderia ocorrer. Ninguém se importava.
   Certo dia, no dia certo, um texto não foi publicado. A segunda morte do autor chegava.

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