29 de fev. de 2012

Analfabetismo manual

Ah, maldição. Desaprendi a escrever. Virei um escravo das teclas.
Com caneta e papel, apenas 'desenho letras'. Algo próximo de hieróglifos ou pinturas rupestres.

Tá certo que não é de hoje que minha letra não é a mais bela... mas já foi no mínimo compreensível. Por vezes nem eu mesmo à compreendo. Já fiz caligrafia, já escrevi com letra de forma - mas a forma foi entortando, e ficando cada vez mais deformada.

Me sinto um Analfabeto Manual - uma sensação de que se continuar neste ritmo, ou datilografarei digitarei meu nome, ou usarei minha impressão digital. Se bem que a assinatura é algo tipo um risco qualquer... apenas tenho que desenhá-lo sempre igual!

O romantismo está se acabando, afinal de contas ter de estar ao lado da amada na hora desta ler seus bilhetes ou cartas não é exatamente uma visão romântica dos fatos. Até minha lista de compras do mercado já está digital... para não correr riscos de comprar um certo sabão em pó, no lugar de um 'ovo'; e coisas do gênero. Tenho a letra de um médico... do SUS. E certamente é mais garantido que lhe mande um SMS no lugar de um lembrete em um post-it.

Acho inclusive que comecei a escrever mais profundamente apenas com uns vinte e tantos anos de idade, já formado na faculdade - em vez de ter começado a escrever ainda no colégio, como muitos escritores -, pois assim me permito a escrever direto com as teclas, e não em uma folha de papel... como manda a tradição escolar.

E... para sorte - ou não - de você, que está lendo isto agora... este texto não foi escrito à mão. Não que ele tenha se tornado melhor, por isso...

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