20 de jun. de 2012

Guardado-das-chuvas

Não chove à vários dias; estiagem.
Meu velho guarda-chuva permanece ali, encostado pelo canto da parede.
Se guarda-chuvas tiverem sentimentos, não sei se ficam tristes ou felizes estando totalmente secos.

Pelas ruas nem sinal dos bloqueadores pluviais verticais. Como se nunca tivessem existidos. Como se estivessem todos escondidos. Ninguém os recorda.

Uma nuvem encobre o céu; o sol se esconde. O tempo muda; um pingo pula lá de cima. Como um passe de mágica surgem guarda-chuvas de vários lugares. Vendedores gritam por eles, elevando-os ao alto. Todos relembram. Só os recordam em necessidade.

Corro pelas ruas, encharcando-me. Corro em direção de casa.
Abrirei a porta e pegarei o guarda-chuva seco. Darei um banho nele, para recordar os velhos tempos.
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