11 de fev. de 2012

Descobertas [2/2]

 [...continuação]

O SINO SOOU 1X NO PUB. 
   Pediram a última rodada.

   Após uma forçada risada, Fernando perguntou, tentando rir:
   - OK, já que descobrimos que literalmente temos de lhe perguntar sobre tudo... você por acaso nunca ganhou algum Prêmio Nobel?
   - Não... - respondeu Alberto.
   - Ufa, seria muita surpres[...]
   - ...ainda. - continuou Alberto.
   Novamente: silêncio.
   - Nã...nã...nã. Nada mais me surpreende hoje. - disse Saul. - Explique-se.
   - Ah... estão encaminhando minha indicação por uma pesquisa que participei a algum tempo, e tenho boas chances.
   - Heim? Que pesquisa? Sobre o que?! - perguntou alguém, com olhos esbugalhados.
   - Bem, à princípio descobrimos uma possível cura para o câncer.
   Até uma mesa ao lado silenciou desta vez.
   - Cura... câncer? Como... assim?
   - Sabem como é...  testes laboratoriais com cobaias... repetições, diferentes tratamentos, placebos, etc.
   - E nunca... - Ricardo começou a pergutar.
   - ... perguntaram. - completou Alberto.
   - Mas...
   - Ninguém nunca comentou que tinha câncer aqui... - tentou se explicar Alberto.
   Se entreolharam tentando descobrir o que poderiam agora sequer falar. Olhavam para os lados, imaginando se nas outras mesas também estariam havendo tantas descobertas numa só noite. Novo silêncio. Pareciam agora totais desconhecidos; imaginavam se, entre os outros amigos presentes na mesa, também não haveriam outros pequenos-grandes segredos desconhecidos.


   O SINO SOOU 2X NO PUB. 
   Todos no pub beberam o que restava de seus copos.

   Todos prepararam-se para se levantar, quando Ricardo os interrompeu:
   - Alberto... faça-nos um favor...
   - Sim?!
   - Há mais algum segredo não revelado?
   Todos silenciaram. E olharam para Alberto; apreensivos.
   - Bem...
   Olhos esbugalhados aguardavam...
   - ...na verdade...
   Seguram a respiração.
   - ... há sim. Apenas mais um.
   Clima de final de Copa do Mundo. Brasil e Argentina. Pênaltis. Placar empatado. O próximo chute decide tudo. Silêncio. Corações desesperados. Suor frio escorrendo da testa. O jogador se prepara... corre... e...
   - Diga logo homem. - gritou (literalmente) Fernando.
   - ...
   - ... !!!
   -  EU SOU GREMISTA. - disse Saul.
   Todos olharam surpresos para Saul.
   - O QUÊ??? - gritaram em uníssono.
   - Ahhh... eu não aguentei esse clima de tensão. Assumo: EU SOU GRE-MIS-TA. Sempre torci, desde pequeno.
   - Mas... cara... nós todos sempre fomos colorados. Tu era colorado... - disse Ricardo quase chorando.
   - ...
   - Saul... Gremista!?! Como tu nunca contou uma coisa dessas? Em todos os jogos que tu foi conosco... Não, não dá cara... foi mal. Mas não dá mais pra confiar em você agora. Gremista?! Sério?! - disse Fernando, com Alberto concordando com tudo e Ricardo ainda sem reação.
   Levantaram-se os três, acenando negativamente com a cabeça. E murmurando com raiva: "Gremista...!"
   O Pub foi rapidamente esvaziado. Os garçons já levantavam as cadeiras sobre as mesas, recolhendo copos por todos os lados. Três amigos lá fora combinavam de encontrar-se no dia seguinte, novamente, no mesmo lugar de sempre.

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Crônicas de Um / 1 Qualquer: crônicas,contos,textos